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O pin de ouro, com o formato de uma coruja, vai do lado esquerdo da camisa de Célia Sevilha sempre que a educadora participa dos eventos do Ismart. E ela ostenta a “corujinha” com orgulho, pois, embora pequeno, o brinde carrega bastante significado. É uma espécie de distintivo: simboliza que Célia é uma embaixadora do Ismart.

Os professores que mais apoiam o Ismart recebem o título de embaixadores no Encontro Ismart com Educadores da Rede Pública, evento anual que marca o início do processo seletivo para as bolsas de estudo do projeto.

O professor-embaixador tem os papeis de formador de opinião e de divulgador não só do processo seletivo, mas da instituição como um todo. Além de identificar alunos talentosos e prepará-los para concorrer às bolsas do Ismart, o embaixador apresenta o projeto aos demais professores, coordenadores e diretores da rede púbica de ensino. Ou seja, sua participação não fica restrita ao envolvimento da própria escola com o Ismart.

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Célia ganhou o reconhecimento máximo da equipe do Ismart em 2011 pelo modo como conduzia o processo seletivo na Emef Desembargador Paulo Colombo Pereira de Queiroz, escola pública na zona sul de São Paulo onde a educadora trabalhava como coordenadora pedagógica – em 2014, ela se aposentou.

Enquanto trabalhava na Paulo Colombo, Célia inscreveu dezenas de alunos e, nos últimos cinco anos, viu sete jovens aprovados no processo seletivo do Ismart. “São os meus meninos do Ismart”, conta a educadora, sorrindo.

Participação das famílias

Todo ano era o mesmo ritual na Paulo Colombo: antes mesmo de efetuar a inscrição dos alunos no processo seletivo, Célia convocava as famílias para uma conversa. “Era muito importante que eles entendessem o projeto”, justifica. Os pais recebiam explicação detalhada sobre cada fase da seleção, assistiam a vídeos do Ismart e conversavam com bolsistas convidados e suas famílias.

Célia e os professores, então, faziam as inscrições com os responsáveis pelos candidatos do lado. Para ela, quanto maior o envolvimento das famílias no processo, melhor a compreensão sobre o Ismart. “Assim, o apoio vem como consequência”, diz. “O pai não precisa saber matemática para estudar com a criança, mas precisa dar apoio, dizer ‘Estou aqui com você, para o que você precisar’. É essa segurança que o aluno precisa sentir.”

Mesmo nos casos em que alunos com alto potencial não recebiam tanta assistência da família no processo seletivo, Célia não desistia. “Alguns pais de candidatos nunca foram lá na escola, então eu ia à casa deles. Houve uma aluna cujos pais não compareceram nem para a inscrição. Peguei os papéis e fui à casa dela conversar com os pais. Ela passou no processo seletivo e hoje é bolsista.”

Engajamento dos professores

Tão necessário quanto o apoio em casa, diz, é o comprometimento do corpo docente com o Ismart. “Se o professor não comprar o peixe, não funciona, porque são eles que estão na sala de aula em contato com potenciais candidatos. O trabalho precisa ser contínuo, motivando e estimulando os educadores a buscar esse perfil de aluno que tem condições de participar da seleção para as bolsas de estudo.”

Feitas as inscrições, os alunos indicados para o processo seletivo passavam a ter aulas extras de português e matemática como preparação para as provas. No dia do exame presencial, a escola costumava fretar um ônibus para transportar os candidatos e entregava uma pasta com lápis, borracha, água e lanche. “Quem vai fazer a seleção é a criança, mas ele tem de ter condições para isso. A gente fazia de tudo para o aluno estar tranquilo naquele momento”, conta. A própria Célia acompanhava os candidatos, para lhes passar segurança.

Apoio individual

Nas etapas seguintes, o apoio da escola seguia firme. Na terceira fase, a entrevista individual do aluno com profissional da equipe do Ismart, os candidatos da Paulo Colombo eram levados por algum professor. “Eles iam no carro do professor ou no meu. E o pai precisava estar junto, para a criança sentir que estávamos todos ali, com ela.”

Chegando à reta final do processo seletivo, Célia passava a identificar dificuldades específicas dos candidatos e a tratá-las individualmente, para garantir que eles tivessem o melhor desempenho possível. “Uma vez, percebi que um dos meninos, que depois virou bolsista, era muito ansioso e isso poderia ser um problema na entrevista com o psicólogo e na dinâmica de grupo. Fiz questão de levá-lo para a entrevista e também encaminhei para uma amiga psicopedagoga, para que trabalhasse essa questão da ansiedade com ele.”

Célia descarta a ideia de que tenha uma “receita de sucesso” para a indicação de alunos para o processo seletivo. Mas diz que o caminho passa por “descobrir os buracos e corrigi-los”. “O importante é mostrar ao jovem que a seleção é importante e pode mudar a sua vida, sem deixar de lado o engajamento dos professores da escola e das famílias, a quem cabe acompanhar os alunos e sempre estar ao lado deles.”

Nos últimos anos, foi o que aconteceu na Paulo Colombo. E foi por isso que Célia recebeu o reconhecimento da equipe do Ismart no formato de uma “corujinha de ouro”, um pin metálico e reluzente que sempre vai do lado esquerdo de seu peito.