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*Por Jennifer Santana:

Nestas férias de julho, eu viajei para Indiana, nos Estados Unidos, para fazer um curso de física de partículas chamado ISPI – International Summer Physics Institute – na Universidade de Notre Dame.

Para dar uma noção da responsabilidade e importância desse momento, Notre Dame é uma instituição católica, famosa por seus times campeões de futebol americano e é TOP 3 dos melhores colégios de Economia e Negócios (Business) do mundo. Eu, Jennifer, sou a primeira aluna do ISMART a participar desse curso, então, como natural, tive diversas surpresas: primeiro, por não saber quase nada sobre o curso; segundo, por ser minha primeira vez fora do país.

Uma das coisas que eu mais gostei, e tenho certeza que quem visita Notre Dame concorda, foi a beleza e eficiência na organização do campus. São lagos, esquilos, árvores belíssimas, a basílica e o domo de ouro. Durante duas semanas, eu tive aulas de exatas, no edifício Jordan Hall, e percebi que tudo que eu precisasse, relacionado à ciência, estaria perto de mim.

As aulas foram divididas entre Science Core 1 e 2. No primeiro, que ocorreu já na primeira semana, trabalhamos com detectores de raios cósmicos, análise de data, e construção de gráficos, além das aulas teóricas sobre partículas elementares que seriam completadas com palestras de professores doutores conceituados da área, na semana seguinte. Já na segunda semana, foi aplicado um olhar mais voltado à mecânica, análise sob olhar físico ciência da computação com diversas aulas de programação e manipulação de data.

Fora da sala de aula e menos complexo, tivemos diversas atividades com os mentores e entre os alunos. Foram esportes, jogos, dança latina e patinação no gelo e, especificamente, nós, do ISPI, visitamos também o Laboratório Fermi de Aceleração de Partículas, em Illinois, estado vizinho, e o laboratório da própria universidade.

Acabei por fazer amizade com pessoas dos mais variados países, como China, Índia, Canadá, Alemanha e Panamá. Culturas que divergem entre si, convivendo em paz em um ambiente acadêmico de imersão no conhecimento.

Detalhes à parte: importantes registros

Nessas duas intensas semanas em contato com pessoas do ocidente e oriente, mantive contato diário com pessoas de todos os cantos do mundo, o que me levou a diversos choques culturais; entretanto a cultura americana foi a que mais me afetou. A razão disso, é que aqui se encontram pessoas do mundo todo que, para evitar que suas culturas entrem em conflitos, passam a se adaptar ao american way of life.

Uma coisa que me chamou atenção, diz respeito ao tema machismo, um assunto conhecido pelo mundo todo e, devo dizer, me surpreendi, positivamente, ao visitar o país com o maior PIB do mundo.

O meu grupo era composto por onze pessoas, sendo três delas mulheres, contando comigo. Esse número pequeno pode muito mais ser analisado como fruto da cultura dos nossos países – Brasil, China e Nigéria – do que como uma falha na seleção programa. Mesmo assim, durante as aulas e até caminhando pelo campus, tive o prazer de conhecer grandes mentes femininas da ciência, além de sempre ver um número de mulheres muito parecido com o de homens. Enfatizando aqui duas professoras: a primeira, está completando seu pós-doutorado e trabalha como física de partículas no Laboratório Fermi de Aceleração de Partículas dos EUA, onde visitamos e assistimos a aulas. A segunda, ministrou a maior parte das nossas aulas sobre ciência da computação, também com pós-doutorado, trabalha como professora numa escola da região. Perguntei às duas como era trabalhar com ciência, nos Estados Unidos, sendo do gênero feminino. As respostas não passaram nem perto de “difícil, trabalhoso e/ou preconceituoso”. Elas me responderam o que um homem provavelmente me responderia se eu perguntasse a eles a mesma coisa, algo como “alta realização pessoal e saber lidar com a concorrência”.

A maior economia do mundo enfrenta ainda outros problemas relacionados ao machismo e preconceito com a comunidade LGBT; mesmo assim, meus parabéns a todos que contribuíram para que a participação das mulheres nessa área seja tão grande por aqui.
Girl Power!

E voltando às minhas próprias experiências, o que adquiri na área de exatas, onde pretendo cursar e atuar, abriu muito meus horizontes nas questões de pesquisa, investigação e determinação. Passei por situações em que mesmo que eu não soubesse nada ou lembrasse vagamente sobre, eu tinha que ir lá e fazer.

O que fica da minha passagem por Notre Dame é a certeza que, como já havia, inclusive, colocado na redação que mandei para minha application, o conhecimento teórico sem o experimental/técnico é como uma rosa sem perfume – incompleto.

 

 

 

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