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O ano era 2008. Professora de matemática na Emef Desembargador Paulo Colombo Pereira de Queiroz, escola pública na zona sul de São Paulo, Andreia Tulon foi chamada pela coordenação pedagógica para dar aulas de reforço aos alunos inscritos no processo seletivo do Ismart. Ao conhecer o projeto, ela decidiu levá-lo para a outra escola onde também lecionava, a Miguel Munhoz Filho, da rede estadual. “Eu só dava aula para a 8ª série e indiquei três alunos com potencial para o processo seletivo”, diz Andreia, que, com a ajuda de uma professora de português, iniciou um trabalho intensivo com os candidatos. “Estudamos nos fins de semana e feriados e, neste primeiro ano, um aluno passou para o Bolsa Talento.”

Começou ali um relacionamento com o Ismart que se mostraria duradouro e, por seu envolvimento com o projeto, Andreia recebeu em 2015 o título de embaixadora do Ismart. A premiação foi concedida em maio, durante o 8º Encontro Ismart com Educadores da Rede Pública em São Paulo, evento anual que marca o início do processo seletivo para as bolsas de estudo do projeto.

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Nesses últimos sete anos, Andreia teve mais de dez alunos aprovados no processo seletivo do Ismart. Eles estudavam na Miguel Munhoz e na outra escola onde a professora trabalha, a Emef Deputado Cyro Albuquerque, ambas na região do Capão Redondo, zona sul da capital paulista.

Perfil

“O aluno com o perfil Ismart talvez nem seja aquele com as melhores notas. Às vezes ele está escondendo habilidades que num primeiro olhar é difícil de perceber”, diz Andreia. Formada em Matemática e com mestrado em Psicologia da Educação, ela conta que o que mais chama a sua atenção é a maneira como o estudante coloca em prática conhecimentos adquiridos em sala de aula. “Alunos que buscam uma saída diferente daquela que você ensinou mostram que assimilaram e expandiram o conceito sobre a matéria.”

Em 2009, Andreia indicou apenas um aluno da Miguel Munhoz para o processo seletivo – e ele foi aprovado. “Com o sucesso desses dois primeiros bolsistas, o Ismart começou a ser divulgado dentro da Miguel Munhoz naturalmente. Minha atuação foi importante, mas eles tiveram papel fundamental na popularização do projeto entre os estudantes”, diz a professora. “O Ismart virou tradição na escola.”

A partir daí, os próprios alunos começaram a se organizar em grupos de estudos focados na participação no processo seletivo do Ismart. “Eles já conhecem bem o projeto e todo ano se preparam”, afirma Andreia, que montou cadernos de estudos entregues bimestralmente com questões de provas, vestibulares e olimpíadas acadêmicas. “O resultado tem sido interessante. Eles aprendem a estratégia de resolução de problemas e, quando se deparam com uma situação similar, o conhecimento vem à tona.”

Ao longo do processo seletivo, Andreia também orienta os pais dos candidatos nas reuniões pedagógicas. Quando os alunos não são dela, a professora costuma ligar para os responsáveis e se colocar à disposição para tirar dúvidas. “Também procuro os meninos pelo Facebook para conversar, saber como estão indo e dar dicas.”

Acompanhamento

Em 2014, Andreia já havia ganhado outro prêmio do Ismart, no Concurso “Melhores Práticas”, por seu trabalho na identificação e acompanhamento de alunos no processo seletivo. Recebeu R$ 5 mil para serem investidos em melhorias na escola. A verba foi usada para criar um acervo de jogos de tabuleiro na Miguel Munhoz. “Às vezes os alunos não percebem, mas os jogos contribuem para que fiquem com o raciocínio mais rápido. E também ajudam na socialização”, diz a professora. “Quando me sento com eles para jogar, nossa relação começa a estreitar e quebramos a distância entre professor e aluno.”

Acompanhar a evolução dos estudantes mesmo após saírem da escola e entrarem na faculdade é, inclusive, uma das atividades que mais alegram Andreia. Ela diz ter criado relações de amizade com alunos e suas famílias depois de passarem juntos pelo processo seletivo do Ismart. “Cada uma das conquistas deles, de uma bolsa para estudar inglês à aprovação na universidade, é comemorada como se fosse minha. Isso é o que me motiva e dá estimulo.”

Natural de Itatiba, no interior de São Paulo, Andreia cursou a faculdade e o mestrado com bolsas de estudo. “Minha história é muito parecida com a dos alunos do Ismart. Aprendi desde cedo que a gente não escolhe a realidade em que nasce, mas isso não quer dizer que não podemos conquistar um espaço na sociedade. Por isso, me disponho a levantar a bandeira do Ismart.”

Credibilidade

Com o pin de ouro em formato de coruja preso à camisa, Andreia sente que seu trabalho foi reconhecido pelo Ismart. E é um trabalho duro. Os embaixadores têm o papel de divulgar o processo seletivo, identificar alunos talentosos e prepará-los para as etapas. Mas também ajudam a criar uma rede de educadores que possam apresentar o projeto a mais jovens de alto potencial.

“Me senti lisonjeada com o prêmio. O título dá mais credibilidade a meu trabalho, principalmente quando vou falar com outros professores”, diz Andreia. “Acho que a minha principal função é essa: por meio do exemplo, fazer com que o projeto alcance cada vez mais pessoas.”