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* Este texto faz parte da seção Fazendo a Diferença, em que o Ismart promove um reencontro entre um educador de escola pública e um aluno que passou no processo seletivo de bolsas de estudo graças à inscrição deste professor. O educador conta ao Ismart como identificou o potencial do aluno e o bolsista fala das suas principais realizações depois que entrou para o projeto. O Fazendo a Diferença é uma das ações do Deixe sua Marca, programa de relacionamento do Ismart com educadores da rede pública.

“Cada aluno é como um rio, com duas margens: a família e a escola”. Guiada por esta metáfora, a pedagoga Leila Maria Carvalho Fonseca trabalha todos os dias na certeza de que sua função é “alargar” a margem do rio que lhe cabe, oferecendo mais oportunidades de desenvolvimento aos alunos da EMEF Professora Maria de Melo, em São José dos Campos, interior de São Paulo.

Desde 2009, ano em que assumiu a orientação educacional da escola, Leila se envolve no processo seletivo do Ismart. E esse engajamento começa com a participação no Encontro com Educadores da Rede Pública, evento anual promovido pelo instituto para divulgar as oportunidades de bolsas de estudo. “Faço questão de ir todo ano para me atualizar, e também porque gosto de ver as premiações dos bolsistas”, diz. No encontro, o Ismart faz um reconhecimento aos professores ao ressaltar as aprovações de alunos nos vestibulares.

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No próximo encontro, em maio de 2016, Leila terá a oportunidade de dar um abraço em Lucas Lourenço Peres, de 18 anos, ex-aluno da Maria de Melo e agora calouro de Administração Pública na Fundação Getulio Vargas (FGV). Ele é bolsista do Ismart desde 2011, após passar no processo seletivo para o Projeto Alicerce, indo até mesmo contra as previsões da mãe. “Ela achou que eu não conseguiria, mas Leila me apoiou o tempo todo”, afirma Lucas. “Isso me fez persistir. Não perdi a esperança.”

Para se preparar, entre outras atitudes, o estudante resolveu uma lista com mais de 500 questões que já tinham caído na Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep). O esforçou compensou. “Lucas é determinado, sempre acreditei que passaria. Quando chegou o resultado, ele veio nos contar e fizemos a maior festa”, relembra Leila.

Emef_Maria_Melo_SJC-8 Lucas reencontrou Leila em uma visita à sua antiga escola, em agosto de 2015

Corrente de aprendizado

Nos dois anos do Alicerce, durante o 8º e o 9º ano do ensino fundamental, Lucas frequentava a escola pública de manhã, onde permanecia matriculado, e à tarde ia para um cursinho preparatório no Colégio Objetivo, parceiro do Ismart.

Já o ensino médio foi realizado apenas no Objetivo. Ainda no 1º ano e em pleno processo de adaptação à rotina de estudos em uma escola particular, o aluno, inspirado na ideia de que os bons exemplos têm efeito multiplicador, decidiu compartilhar seus conhecimentos com outros estudantes. “Foi o Ismart quem me incentivou a estudar, e eu senti que precisava passar para frente esta corrente.”

Ele então retornou à Maria de Melo para apresentar a ideia do GED (Grupo de Estudo e Desenvolvimento), que ofereceria aulas complementares de geografia e história a alunos do 8º e 9º anos do ensino fundamental, de forma gratuita. A professora Leila abraçou a causa instantaneamente, confiando na origem da proposta. “Lucas sempre foi muito empenhado, com a família presente. Vinda dele, nem questionamos a ideia, pois sabíamos que seria algo muito bom e levado com seriedade.”

Lucas sempre gostou das ciências exatas, mas com o GED descobriu uma paixão também pela área de humanidades ao dar as aulas de geografia. Foi com esta primeira experiência que ele começou a sentir, na prática, o impacto do seu trabalho. “Por isso escolhi cursar Administração Pública, como uma forma de descobrir como aumentar o meu impacto na sociedade.”

Emef_Maria_Melo_SJC-7 Na biblioteca da escola, um de seus lugares favoritos: gosto por exatas e humanas

Impacto social

Em 2014 o projeto abriu mais uma turma para abarcar também o 7º ano e treinar os alunos desta etapa para o processo seletivo do Ismart. Segundo Leila, o GED de preparação para o Ismart foi um pedido dos próprios pais de estudantes da Maria de Melo, que estavam vendo os resultados positivos das aulas para o 8º e 9º anos.

Empolgado com a repercussão do GED, Lucas e seus colegas resolveram expandir o projeto, que no fim de 2014 passou a abranger outras disciplinas e mudou de nome para Da Vinci. As aulas eram ministradas aos sábados por oito professores voluntários – deles, seis bolsistas do Ismart. “O mais legal de tudo isso é que eram alunos ensinando alunos, então aprendemos todos juntos”, comenta Lucas.

Em 2015 o Projeto Da Vinci ganhou ainda mais visibilidade ao ser apresentado na conferência do Movimento Mapa Educação, realizada em Brasília, e com a veiculação de uma reportagem na TV Vanguarda, afiliada da Rede Globo em São José dos Campos. “Meu projeto social é o meu maior orgulho.”

Leila, com brilho nos olhos, se diz realizada: “A ação de Lucas é humana. Ele quer compartilhar, dividir o conhecimento dele. E é isso o que o educador mais quer: que o aluno seja mais humano, que pense no outro, pois eles são a nossa esperança de um futuro melhor”. Ela acredita que o Ismart ajudou o garoto a se encontrar. “Hoje vejo um Lucas com mais fundamentação para colocar em prática o que já estava dentro dele. Concretizou o seu potencial.”

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