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BlogInformativo Educadores

Informativo para Educadores – Maio 2017

* Esta é a íntegra da newsletter do programa “Deixe sua Marca”, enviada por e-mail aos educadores interessados em acompanhar mais de perto o trabalho do Ismart.

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Apresentação

Caro professor, nesta edição da newsletter do programa “Deixe sua Marca” o assunto não poderia ser outro, senão o Encontro Ismart com Educadores. O evento, realizado em São Paulo e no Rio de Janeiro, foi um sucesso graças à participação de todos vocês. Como prometido, as perguntas feitas aos convidados não ficarão sem resposta, e a newsletter está aqui para garantir isso. Boa leitura!

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Tema do mês: Encontro com Educadores

“O incrível pode acontecer quando o talento encontra oportunidade”. Disso não há dúvidas, ainda mais depois do 10º Encontro Ismart com Educadores da Rede Pública. Em São Paulo, o evento aconteceu no dia 13 de maio e contou com a participação de 346 professores. No Rio de Janeiro, o encontro reuniu 167 educadores no dia 3 de junho.

Neste ano, a inspiração do Ismart para o tema do evento veio diretamente das telas do cinema, com o filme “Estrelas Além do Tempo”. No longa, três cientistas mulheres e negras enfrentam as desigualdades de gênero e racial e provam seu talento ao contribuir para a realização do primeiro voo orbital tripulado por um homem, em 1962.

Essa história nos fez pensar em quantos talentos espalhados pelo Brasil podem fazer coisas grandiosas se receberem os estímulos adequados. Por isso, trouxemos para a conversa alguns convidados que, cada um do seu modo, colabora para essa mudança. As professoras Carolina Brito e Daniela Pavani, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, por exemplo, coordenam um projeto para estimular o interesse de meninas pela ciência.

Já o professor Francisco Marcelino apresentou o projeto “Robótica Formando Cidadãos” realizado em escolas públicas do Piauí. Por fim, Ana Karoline Borges, aluna do Instituto Militar de Engenharia (IME) e mestranda do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa), falou um pouco sobre sua experiência em olímpiadas acadêmicas, chegando inclusive a ser vice-líder da equipe brasileira na Olimpíada Europeia de Matemática para Garotas.

Com tantos exemplos inspiradores, esperamos que todos os educadores presentes tenham saído do encontro como nós: cheios de vontade para continuar ajudando nossos alunos a atingir a excelência.

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Oportunidades

E não se esqueçam! Entramos no último mês de inscrições para o processo seletivo Ismart. As inscrições e o teste online devem ser realizados até o dia 3 de julho. Consulte o regulamento e faça a inscrição de seus alunos pela página www.ismart.org.br/processo-seletivo.

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Palavra da palestrante

Ph.D em Física e professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Carolina Brito foi uma das convidadas para o Encontro Ismart com Educadores da Rede Pública de São Paulo. Como não houve tempo para ela responder a todas as perguntas do público durante o evento, pedimos à professora que desse retorno para as outras questões enviadas por vocês. Carolina também disponibilizou o material apresentado no encontro (veja neste link) e se colocou à disposição para quem quiser mais informações sobre o projeto “Meninas na Ciência”. Confira:

Qual é a maior dificuldade de inserir meninas no mundo da ciência?
O principal problema que encontramos é o estereótipo de gênero. Desde muito novas, as meninas constroem a ideia de que ciência não é uma coisa para elas porque consomem informações que reforçam essa imagem. Veja os filmes de princesas da Disney, por exemplo. Elas não têm profissão, não trabalham, e ficam apenas esperando o príncipe chegar. Um estudo recente mostra que, aos 5 anos de idade, meninas associam personagens inteligentes ao gênero feminino. Aos 7, isso não acontece mais. Como as ciências exatas estão associadas a uma ideia de ser um tema difícil, a perda de autoconfiança faz com que meninas não procurem essa área.

Como fazer com que alunos mais carentes se aproximem da ciência?
Essa é uma questão muito difícil porque a educação no Brasil é um problema estrutural. O que temos tentado fazer no projeto é levar as oficinas para os alunos de escolas em áreas de vulnerabilidade, e também temos trabalhado com a formação de professores para que eles possam multiplicar a ideia. Acreditamos que é mais eficiente formar professores para que eles possam despertar a curiosidade das crianças. A falta de modelos a seguir também é um impedimento para que meninas procurem carreiras nessa área, por isso é interessante mostrar exemplos de pessoas que estão trabalhando com isso.

Como motivar as meninas a ingressarem na área de exatas?
Na minha opinião, ciência é uma coisa muito legal, uma área fantástica. Por isso é importante apresentá-la de forma mais interessante. É difícil fazer uma pessoa gostar de ciência da maneira como aprendemos física na escola hoje, por exemplo. É necessário aprimorar as aulas e mostrar que o conhecimento científico é como um quebra-cabeça que precisa ser resolvido.

Os estereótipos de gênero também aparecem no currículo da educação básica?
Isso é algo muito difícil de medir. O que observamos é que as meninas perdem o interesse pela ciência muito cedo, antes mesmo do ensino básico. Uma colega contou o número de imagens de meninas e mulheres em livros didáticos de física. E adivinhe: as poucas mulheres que aparecem não são cientistas. É importante despertar a consciência no educador para não perpetuar esse tipo de representação que aparece a todo o momento na sociedade.

Como conseguir subsídios e apoio para informar e engajar escolas e professores?
Temos feito trabalho de formiga, que envolve em grande parte a divulgação do problema. É importante que as pessoas ouçam alguma vez isso na vida e, quando mostramos vídeos e imagens, elas se tocam.

A história de alguma aluna já marcou você e sua equipe?
O que motivou esse projeto desde o início foram as estatísticas, que não são normais. Uma vez levamos um grupo de 40 alunas para uma conversa na UFRGS e nenhuma delas conhecia alguém que já tinha estudado na universidade. Elas não tinham exemplos. Mas claro que ao conviver com as meninas acabam surgindo sempre relatos de casos de machismo na escola.

Há projetos parecidos com este em São Paulo? E à distância?
Infelizmente não conheço nenhum em São Paulo. No Rio de Janeiro, o Mast (Museu de Astronomia e Ciências Afins) realiza o projeto “Meninas no Museu”, que promove discussões quinzenais sobre ciência. Se houver interesse dos professores, nos oferecemos para realizar conversas ou até seminários online pelas redes sociais. Estamos abertas (eu e a Daniela) para elaborar projetos juntos, mas isso deve partir dos diretores das escolas. Se houver algum interesse, peço que entre em contato pela nossa página no Facebook (www.facebook.com/meninasnacienciaufrgs), que podemos organizar. Além disso, até o fim do ano vamos formatar um curso de formação para professores para discutir estereótipo de gênero e profissões.

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Palavra da Equipe Ismart

Algumas das questões propostas pelos educadores se referiam ao Ismart. Vamos a elas? Quem responde é a nossa coordenadora de Seleção, Fabiane Pinto:

O que é um aluno talentoso, com potencial para entrar no Ismart?
Na perspectiva do Ismart, o aluno talentoso é aquele que acredita no poder transformador da educação e aproveita ao máximo todas as oportunidades que o levem a seus objetivos. Ele deve ter excelente desempenho acadêmico, mas também deve ser motivado e ter brilho nos olhos quando enxerga a possibilidade de ir além. No dia a dia da sala de aula, é aquele aluno que está buscando algo mais. Que tira dúvidas no fim da aula, pede questões extras, quer aprofundar o conhecimento. Que busca indicações de livros. Enfim, é um aluno curioso e que quer sempre aprender mais.

Como é realizada a busca de talentos?
A principal forma de chegarmos a esses alunos talentosos é pelo olhar do professor. Para se ter ideia, 70% dos nossos candidatos conhecem o Ismart pelos profissionais que estão nas escolas: professores, diretores, coordenadores pedagógicos e orientadores educacionais. . Vale destacar ainda a parceria com as secretarias de educação e escolas que permitem que o educador, em sala de aula, nos ajude a encontrar esses estudantes. Outra forma de buscar e inspirar estes jovens com potencial é pelos atuais bolsistas, que são estimulados a visitar escolas públicas para divulgar as oportunidades do Ismart a mais alunos talentosos.

Como motivar alunos e fazê-los tomar consciência de seu talento?
O principal incentivo que se pode dar a qualquer aluno é mostrar a ele novas oportunidades, ampliar seus horizontes, pensando na educação que vai além dos conteúdos acadêmicos. Uma maneira de fazer isso é apresentar exemplos de estudantes que chegaram longe e podem servir de inspiração. O jovem precisa se identificar com alguém próximo a ele. É muito característica da adolescência esta necessidade de pertencimento a um grupo, e ao ver que alguém que gosta de estudar encontrou o seu espaço, o jovem talentoso também se enxerga neste lugar. Além disso, é interessante informá-los sobre oportunidades como a Obmep, concursos para Etecs, escolas federais e programas de iniciação científica. Como essa geração é superconectada, converse com eles pelo meio através do qual se comunicam: mostre vídeos, conteúdos online, e exemplos de situações que só foram possíveis porque envolveram esforço. Em breve, vamos divulgar um vídeo mostrando a rotina dos nossos bolsistas e suas conquistas para ser compartilhado com seus alunos e, assim, ajudar nesse processo de despertar o olhar do jovem para o seu potencial.

O que pode ser feito pelos alunos interessados no Ismart, mas que não conseguiram ganhar a bolsa?
Há uma oportunidade dentro do próprio Ismart. O Ismart Online é a plataforma criada para alunos que são talentosos, mas faltou um pouquinho para chegarem ao fim do nosso processo seletivo. Para os alunos em geral, é importante sempre valorizar a experiência de participar de uma seleção, mostrar que há vários caminhos para se conquistar as boas oportunidades e que eles estão se preparando para isso. Com certeza o aluno sai da experiência melhor que entrou, mais preparado para os próximos desafios, e o professor deve sempre destacar isso.

Como aproximar os alunos das escolas públicas à realidade apresentada pelas escolas particulares?
No Ismart temos um programa de acompanhamento, conduzido por psicólogos e pedagogos. Quando entram nas escolas particulares, nossos alunos são acompanhados pela equipe, que os ajudam no processo de adaptação. Para isso, eles fazem atividades como rodas de conversa, atendimento individual e orientação para as famílias. Além disso, as próprias escolas recebem bem esses alunos, que são admirados pelas equipes pedagógicas e pelos outros estudantes. Nossos alunos também recebem todo o material didático e todos os recursos necessários para estudar nas escolas particulares. Sabemos que há uma diferença de contexto socioeconômico, mas existe toda uma estrutura que ajuda a dar conta disso.

O Ismart incentiva os bolsistas a realizar projetos sociais para retribuir à sociedade as oportunidades que tiveram?
Sim. Acreditamos que os bons exemplos têm efeito multiplicador e realizamos diversas atividades para que o aluno coloque a mão na massa para retribuir os benefícios recebidos. A forma mais concreta que ele pode fazer isso é se engajando na Liga do Futuro, plataforma com atividades relacionadas a ajudar o próximo, seja dentro da própria comunidade (com os programas de tutoria e mentoria, por exemplo), seja fora do Ismart (com o desafio de visitar escolas públicas e divulgar o processo seletivo).

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Você sabia?

Após o encontro, pedimos aos professores de São Paulo que fizessem uma avaliação de como foi o evento. E a partir dos comentários poderemos empreender algumas melhoras para o próximo ano, como, por exemplo, agilizar o credenciamento. Também enviaremos, na próxima semana, o livro da Obmep para quem não recebeu no evento de São Paulo e registrou o endereço no formulário de avalição. Agradecemos a participação de todos! A opinião de vocês é muito importante para nós! O formulário de avaliação do evento do Rio de Janeiro está disponível neste link.

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#OrgulhoIsmart

Desde o começo do ano, temos usado esse espaço para divulgar as conquistas de nossos alunos. Nesta edição, porém, o orgulho é de termos dividido experiências com tantos educadores neste último encontro em São Paulo e no Rio de Janeiro. E nada melhor que fotos para relembrarmos um momento especial, não é mesmo?

Confira tudo no nosso Flickr: http://flickr.com/photos/ismartoficial.

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