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Yale vai além do que eu posso explicar

Por: Isadora Vieira

 

Escrever esse texto é uma das partes mais difíceis de toda a jornada que percorri para realizar meu sonho, desde o início do processo de application até pisar novamente em solo brasileiro. É quase impossível resumir tudo o que vivi nessas três semanas de Explo em apenas alguns parágrafos – tudo o que aprendi, senti, conheci e me tornei com essa experiência vai além do que eu posso explicar.

Parada na fila da imigração, esperando pessoas de todos os lugares do mundo serem aprovadas pelos oficiais americanos, percebi que estava, de fato, nos Estados Unidos. Pela primeira vez, havia viajado sozinha para um lugar tão distante de casa. Nunca havia sentido tanto medo em toda a minha vida. Nunca. Não havia ninguém para me socorrer, ninguém para me salvar caso algo desse errado; meus pais estavam a um oceano de distância e meu celular não funcionava para que eu pudesse falar com alguém. Respirei fundo e tentei me manter de pé, já que não dormia há mais de 32 horas – e meu corpo todo doía por causa do voo do qual eu acabara de sair.

Depois de passar pela temida imigração, carreguei as malas, perdida (como sempre), pelo aeroporto e um indiano muito simpático me explicou Nova York inteira pela janela do carro, falando sobre as diferentes atrações da cidade enquanto passávamos literalmente do lado delas. Era surreal passar pertinho dessas coisas que eu só tinha visto em filmes.

Yale é muito melhor do que eu imaginei. Mesmo passando três semanas lá, ainda não consigo acreditar que pisei nesse lugar. Também não consigo acreditar que respirei o ar de Harvard. Ainda assim, foi bom finalmente visitar essas universidades porque, quando você pensa em “Harvard” ou “Yale”, não imagina que sejam coisas reais. Mas são. Quando se tira a dificuldade de entrar nesses lugares e toda a reputação mundial que eles têm, são só prédios muito bonitos e antigos (e muito quentes!). Ainda assim, era mágico andar pelo campus todos os dias e me sentir 100% Rory Gilmore, além de aprender sobre a história das duas universidades.

Explo foi uma experiência totalmente diferente para cada pessoa que participou do programa, mas, para mim, foi sobre andar pelo Old Campus em meio aos grupos de turistas e os esquilos pendurados nas árvores. Foi sobre caminhar pelas ruas lindas de New Haven até o lugar onde eu tinha minha primeira aula, e pegar um crepe ou um copo de café no caminho. Foi sobre ficar dentro dos dormitórios assistindo série com minhas amigas enquanto relampeava lá fora; e também sobre sair correndo no meio da chuva com elas para jantar. Foi sobre passar a última noite acordada com as pessoas que se tornaram tão importantes para mim em tão pouco tempo, e dormir na grama, no meio do campus e sob as estrelas. Foi sobre ouvir Paulina reclamando sobre o calor a plenos pulmões depois de meia-noite, enquanto todas nós ríamos e tentávamos fazer com que ela falasse mais baixo; e também sobre cantar músicas de 2010 com Sami enquanto tomávamos banho. Foi sobre conhecer uma menina no almoço que se apresentou com um “olá, meu nome é decepção. E o seu?” e acabou se tornando um dos seres humanos mais incríveis que já conheci. Sobre rir com meu professor de Model UN após travarmos uma guerra que consistia em conseguir a foto mais engraçada um do outro. Foi sobre falar inglês durante um dia inteiro e me sentir em casa quando, ao chegar no dormitório à noite, encontrava Antônia (a única outra brasileira do meu living group) e recitava Boate Azul ou Largado às Traças – enquanto as outras tentavam aprender a falar nossa língua.

Mais do que isso, o Explo foi sobre tentar coisas que eu jamais havia cogitado antes. Fiz canoagem. Participei de várias partidas de Paintball. Assisti a um show da Broadway (e foi uma das coisas mais incríveis que eu já presenciei). Vi a Estátua da Liberdade de pertinho e subi os 104 andares do World Trade Center, onde eram as Torres Gêmeas. Atravessei uma cidade inteira sozinha, visitei três estados e carreguei minha bagagem em meio à Times Square para achar meu caminho de volta ao aeroporto. Levantei em frente ao juiz de Colorado (e ex-advogado do Michael Jackson) para representar a promotoria em um caso jurídico que levamos três semanas inteiras para preparar – e, ao final, vencemos. Fui tantos países em tantas simulações da ONU que adquiri os conhecimentos mais aleatórios sobre cada um; e sempre queria mais, mais e mais. Tudo isso criou em mim uma coragem que eu nunca havia tido antes e que, agora, é uma das minhas coisas preferidas.

Voltei ao Brasil e retomei minha vida normal; nada mudou durante as três semanas em que estive fora, além de mim. Depois de algo tão intenso como o summer, sei que sou capaz de fazer qualquer coisa – e isso é meu novo mantra; todas as vezes que sinto que não posso fazer algo, lembro de todos os “perrengues” que passei do outro lado do mundo (e que foram muitos).

Sinto saudades infinitas das pessoas maravilhosas que conheci lá, mas também passei a ser mais grata pelos amigos fantásticos que tenho aqui. Me apaixonei pelo direito, e sei exatamente o que quero; novidade para mim, que há menos de dois meses não tinha a menor ideia do que fazer. Com o Explo at Yale, aprendi que minha forma favorita de viver a vida é explorando, conhecendo novos lugares e culturas e me colocando em situações que, apesar de me deixarem com um pouquinho de medo, fazem meu coração sorrir. Sou infinitamente grata pelas pessoas que tornaram essa viagem possível (Ismart, os staffs do programa e, principalmente, minha mãe) e me proporcionaram as melhores férias da minha vida.