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Quatro impressões que tive em Harvard

Por: Bruna Araújo Pereira

Após deixar o aeroporto de Boston, não foi nada difícil para mim e as outras quatro ismartanas* encontrarmos nosso destino – afinal, o nome da estação de metrô, “Harvard”, já indicava onde passaríamos nossas próximas duas semanas. Ao voltarmos à superfície, a paisagem de concreto e escuridão tornou-se um lindo dia de sol. O azul do céu contrastava com o vermelho das roupas que, em sua maioria, estampavam o nome da universidade. Nenhuma placa de boas-vindas era necessária; era óbvio que estávamos, finalmente, num dos lugares mais renomados do mundo.

Harvard Square, o primeiro lugar do campus que conheci

Quando eu recebi a carta de aprovação para o Pre-College Program, eu não sabia o que esperar do intercâmbio. Agora, eu tenho certeza que, realmente, eu não poderia imaginar o quão especial a experiência seria. Por isso, resumo, aqui, 4 impressões que tive em Harvard – e espero que elas instiguem o seu sonho de estudar numa grande faculdade.

1. Os alunos fazem a universidade
Eu descobri logo no primeiro dia que eu tomei a melhor decisão do Program inteiro quando escolhi o que estudar. O quentinho no coração que eu senti na primeira vez que li a descrição do curso de Democracy, Development and Violence permaneceu durante todas as aulas em Harvard. Comparando casos, eu aprendi, a grosso modo, porque países parecidos têm cenários políticos diferentes e vice-versa. Eu me surpreendi com o quão interessante ciência política é – e agora sei que quero conhecer um pouco mais sobre essa área no futuro.

Nossa aula acontecia numa espécie de sala de reunião: quinze pessoas dispostas na mesa oval, ora escutando o professor, ora expondo suas próprias ideias. O formato era perfeito. Afinal, eu conheci um pouco mais sobre Colômbia, Cuba, Estados Unidos, França, Inglaterra, Nicarágua, Suíça e Ucrânia, não porque estavam nos (muitos!) textos que lemos, mas porque cada país era representado por algum dos meus colegas.

Mas não só pelas diferentes nacionalidades que os outros alunos foram cruciais para o meu aprendizado. Algo aparente até numa conversa informal no Dining Hall era o fato de, em Harvard, todo mundo ser genuinamente inteligente. O Program estava repleto de pessoas críticas e curiosas, dispostas a falar sobre o que as interessava. Essas características, além de me motivarem a ouvir o que elas tinham a dizer (assim como também queriam me ouvir), me inspiraram a buscar mais conhecimento para compartilhar ideias ainda mais legais. O Summer em Harvard me estimulou para além da nota; eu queria aprender porque era divertido. E é com essa mentalidade que eu quero permanecer.

2. A universidade faz os alunos

Falar da parte acadêmica em Harvard sem citar a infraestrutura é contar só metade da história. O campus é repleto de lugares para estudar, em especial as bibliotecas. A Widener é a maior, mais famosa e a minha preferida. Por fora, é facilmente reconhecível pela enorme escadaria, onde há sempre turistas tirando fotos. Por dentro, a construção parece um castelo, cheia de detalhes nos tetos e nas paredes. Meu espaço favorito era a sala de estudos, com seu extremo silêncio, as mesas marrons e antigas e a luz amarela dos abajures. Tudo tornava o momento de leitura muito mais agradável.

 Tetos de algumas áreas da Widener Library

Outro espaço no qual eu gostei de estudar foi o Science Center, com um design bem mais moderno do que os prédios característicos do campus. Eu amava sentar nas diversas poltronas coloridas, observar a entrada do tradicional Harvard Yard pelo vidro da frente, e usar os computadores para fazer minha lição de casa.

O contraste entre os dois tipos de ambiente é muito interessante e cria alguns “submundos” dentro da universidade. Seja imerso na arquitetura do começo do século XX, ou num prédio contemporâneo e descontraído, estudar em Harvard é muito prazeroso.

3. Não é impossível

As semanas de intercâmbio foram as mais intensas da minha vida. O estresse e a expectativa vinham crescendo desde o momento em que eu decidi aplicar, mas explodiram (em forma de lágrimas) quando eu me dei conta de que estava, sozinha, a milhares de quilômetros de casa. Na primeira noite, eu achava que não era suficientemente boa para estar lá.

Apesar de não ter certeza sobre o que o Program seria, como disse antes, eu criei muitas expectativas para mim mesma. Eu queria agir de acordo com os meus parâmetros de perfeição que, obviamente, eram irreais. E talvez por esse motivo os desafios me assustaram tanto nos primeiros dias: acompanhar as aulas foi mais difícil do que eu pensava; eu cometi diversos erros de inglês; e fiquei com vergonha de falar com pessoas diferentes.

No entanto, mesmo com todos as falhas, eu amei a experiência. Aprendi muito no curso, consegui me comunicar bem e conheci diversos outros alunos. Os desafios me mostraram que é possível aproveitar ao máximo uma oportunidade mesmo quando você não se sente muito preparado. Afinal, foram aquelas decepções iniciais que me fizeram crescer ao longo dos dias e me mostraram que, na verdade, eu tinha tudo necessário para viver o Summer Program.

4. É lá que eu quero ficar

Assim como quase toda criança, desde pequena eu sonhava em viajar pelo mundo como os personagens que eu lia e assistia. No Ensino Médio, esse desejo finalmente tornou-se algo tangível quando eu soube que poderia fazer Economia fora do Brasil. Ainda assim, essa nova meta era um mistério e eu não estava certa se eu seria feliz numa universidade dos Estados Unidos.

Mas o Summer Program me mostrou que estudar fora é um dos planos mais ambiciosos e acertados que eu já tive. Ter um gostinho de uma instituição tão renomada me motivou a voltar e aproveitar ainda mais a diversidade, o apoio acadêmico e as oportunidades que ela oferece.

“O que mais me impressionou foi a variedade de culturas num só campus e as discussões em classe – ambos aspectos que eu considero essenciais para enriquecer minha experiência universitária e profissional. Agora eu me sinto muito mais segura em aplicar para as grandes faculdades estadunidenses, pois sei que essa decisão faz todo o sentido para mim. Mal posso esperar para transformar aquelas duas semanas em quatro anos!”

O fato de Harvard ser incrível não foi exatamente uma surpresa. O que me admirou foram os sentimentos de curiosidade, alegria e pertencimento que eu desenvolvi em poucos dias estando lá. Ao mesmo tempo em que vieram como resultado da minha vivência no campus, essas emoções aumentaram meu desejo de estudar nos Estados Unidos e fizeram do Pre-College Program uma experiência inesquecível.

*Ismartanas é como os bolsistas de São Paulo se apresentam e se reconhecem.