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“Todos os programas e eventos oferecidos pelo Ismart foram muito importantes tanto para minha decisão de curso, quanto para meu conhecimento de mundo, formação do meu senso crítico e trabalho em equipe, já que participamos de diversas atividades em grupo. Desejo, daqui há alguns anos, poder olhar para trás e sentir que todo esforço valeu a pena e renovar todos os dias a minha vontade de contribuir para a nossa sociedade”

Thatyele Pereira de Oliveira cursava o 9º ano na Escola Municipal Carlos Lacerda, na Taquara, em Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio de Janeiro, quando a escola recebeu a visita de uma ismartiana. Em seguida, veio o incentivo e o suporte para participar da seleção para o Ismart, dado pela equipe de professores, coordenação e direção da escola, o que foi fundamental para que ela conquistasse uma bolsa integral no Colégio pH, na Barra da Tijuca, também na Zona Oeste. Com a vaga veio também uma gama de novas conquistas acadêmicas, como prêmios literários e aprendizados que extrapolavam os limites da sala de aula.

Moradora de Campo Grande, na Zona Oeste, Tathyele, que sempre estudou em escolas públicas, passou a participar de outras atividades na nova escola, como olimpíadas escolares, aulas de inglês do SBCI e o concurso literário do pH, no qual ela conquistou a medalha de bronze na categoria poesia com Mil Amores (leia na íntegra ao final do texto).

Por intermédio do Ismart, Thatyele teve outras oportunidades de expandir seu conhecimento científico e cultural. De todas, ela destaca três momentos como “pontos altos”, por terem sido determinantes na hora de escolher sua carreira: os projetos ONU, Escola Beta e Clubes de Ciência do Brasil.

No primeiro, viveu uma experiência desafiadora: a escola simulou uma assembleia da ONU com o tema igualdade de gênero, e seu grupo foi responsável por representar a OMS, sendo ela a responsável pelo discurso em inglês.

“Ficamos realmente satisfeitos com o que construímos e foi uma sensação muito gratificante. Eu já me interessava bastante pelo tema, mas não fazia ideia de que o projeto ONU poderia me despertar ainda mais entusiasmo por aprender mais sobre a questão da igualdade de gênero. Ouvi discursos de alunos representando países e organizações do mundo todo e toda essa diversidade expande demais a sua visão de mundo e o seu pensamento crítico”, revela. “Eu saí do auditório com vontade de aprender sobre as culturas do mundo todo, pude realmente sentir que fazia parte de uma sociedade muito maior do que eu e que eu queria fazer algo por ela, ajudar a mudá-la pra melhor”, afirma.

Em 2018, ao lado de dois amigos também bolsistas do Ismart, Thatyele teve a chance de participar, durante seis meses, do Decola Beta, um programa de iniciação científica da instituição Cientista Beta que tem o objetivo de ensinar jovens a desenvolver pesquisas e ver a ciência de uma forma diferente da convencional.

“Quando entrei com meu grupo no programa nós precisávamos escolher um tema para trabalhar nesse tempo e decidimos que a nossa pesquisa teria o objetivo de entender os principais motivos da baixa adesão da população do Rio à vacinação contra a febre amarela. O tema era rodeado por discussões e mitos sobre a vacina, o que acabava afastando muitas pessoas. Escolhemos esse assunto porque queríamos unir as áreas da educação e da saúde na tentativa de resolver um problema de falta de informação que afetava muitas pessoas próximas a nossa realidade”, explica.

Durante o projeto ela e os amigos seguiram um ciclo de “desafios”: tarefas que lhes ensinaram o passo a passo de uma pesquisa científica.

+ VEJA MAIS: Histórias de sucesso de alunos do Ismart

“Todos os dias nós nos comunicávamos com os nossos coordenadores, com outros alunos do programa de todo o Brasil e com a nossa mentora por meio de e-mails, grupo do WhatsApp e muitas chamadas de vídeo. Aprendemos muito também sobre controle do estresse e ansiedade durante os estudos ou a preparação da pesquisa científica e como lidar com as coisas quando elas não saem como esperávamos”, relata.

Em junho do mesmo ano, o grupo soube da existência do Clubes de Ciência Brasil, um evento que acontece todos os anos em países da América Latina com o objetivo de despertar o interesse em ciência nos jovens.

“Eu e meu grupo logo entramos no site pra ver tudo sobre o evento e vimos que naquele ano teria um clube com o tema da epidemiologia, ou seja, que estudaria justamente a propagação das doenças nas sociedades, o que poderia contribuir muito para o desenvolvimento da nossa pesquisa”.

Mas havia um contratempo: o evento seria em Belo Horizonte e, apesar de gratuito, o programa não podia pagar a estadia e passagens dos estudantes. A estudante e os amigos, no entanto, encontraram uma possível solução para o problema e fizeram uma vaquinha para juntar o dinheiro necessário para a viagem.

“Fomos surpreendidos por uma ajuda imensa do colégio, dos nossos professores, que se ofereceram pra cobrir nossos gastos de passagem e acompanhar nossa experiência com postagens nossas nas redes sociais e no site da instituição. Deu tudo certo, fomos para BH e, a partir daí, foi uma semana intensa de estudos na Universidade Federal de Minas Gerais. No final, tivemos uma feira científica incrível também na universidade”.

Todas essas oportunidades de aprendizado fizeram Thatyele adquirir experiências que servirão também para sua vida fora do pH, segundo ela. São saberes que poderão ser aplicados em sua vida cotidiana, dentro e fora do mundo acadêmico.

“Todos os programas e eventos oferecidos pelo Ismart foram muito importantes tanto para minha decisão de curso quanto para meu conhecimento de mundo, formação do meu senso crítico e trabalho em equipe, já que participamos de diversas atividades em grupo.

Agora com 17 anos, Thatyele tem o foco nos estudos preparatórios para as provas do Enem, Uerj, Fuvest e Comvest – tudo para realizar seu sonho de cursar Medicina.

“Meu sonho grande é fazer a minha parte para mudar o mundo para melhor, enquanto exerço a profissão dos meus sonhos: a medicina. Desejo, daqui há alguns anos, poder olhar para trás e sentir que todo esforço valeu a pena e renovar todos os dias a minha vontade de contribuir para a nossa sociedade. Espero, também, ajudar outros jovens como eu a encontrarem oportunidades que lhes permitam voar alto, como o Ismart, e ajudar financeiramente a minha família”.

E por falar em família, não é que o Ismart impactou também a vida dos pais e irmão da Thatyele?

“O Ismart influenciou positivamente minha família inteira: minha mãe teve despertado o desejo de fazer faculdade ao me acompanhar nessa rotina de preparação. Meu pai pretende tirar o certificado de conclusão do Ensino Médio por meio do Encceja este ano, já que ele não terminou o 2° grau. Por último, meu irmãozinho de 7 anos já espera a vez dele para participar do processo seletivo do Projeto Alicerce, pois ele também gosta de estudar e sempre fica com os olhos brilhando quando me vê animada por causa de algo que aprendi na escola”, celebra.

Thatyele Pereira

XIII Concurso Literário do pH – 3º lugar na categoria poesia
Thatyele Pereira de Oliveira
1º ano do Ensino Médio

MIL AMORES

Um anseio bateu:
ver o futuro meu
ceticismo morreu
fui ter com cartomantes
disseram petulantes:
“Tu terás mil amores

Uns deles pedirão alvará
porém teu futuro consorte
este não, permanecerá
até bater à porta a morte

Sabes quantos amores
vive todos, então!
mas… tu sabes das dores?
não mete, dize ‘não’

Um conselho insolente
por todos sente dor
e sente intensamente
dor acompanha amor
Sem medo, mostra sentimento
só sente sempre, senhorita
com força, coloque fermento
de todos será favorita”.

Lhe conto pois quero dizer
não espere o último chegar
– como eu temo acontecer –
para, enfim, começar a amar