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BlogUniversitários

Raio X -Taily Colavite

Nome: Taily Maeda Colavite

Idade: 18 anos

Vai pra onde? Dartmouth College – Film modified with Computer Science (intended major)

O que você pensou quando recebeu o resultado? O resultado do Early Decision saia às 18h do dia 12 de dezembro. Coincidentemente, 12 de dezembro era 3 dias antes do prazo final para eu entregar as minhas essays para as outras universidades americanas, e eu ainda possuía 3 essays incompletas.

A fim de conseguir sobreviver a essa reta final e ignorando completamente a possibilidade de ser aprovada em Early Decision, eu fui até o shopping próximo de casa para comprar uma lata de energético e assim conseguir forças para virar a noite no word. Infelizmente, quando saí do Carrefour, percebi que já era 17h e, eu não conseguiria chegar em casa a tempo de ver o resultado de Dartmouth ser liberado. Tendo plena noção de que, 1 – eu não queria ver o resultado no ônibus pois chorar no meio do transporte público por receber um “não” seria extremamente constrangedor e 2 – era possível que minha internet não pegasse e eu fosse obrigada a segurar a ansiedade até chegar em casa, resolvi vagar pelo shopping até o horário marcado.

Parte boa: andar pelas lojas diminuiu meu estresse de ficar aguardando. Parte ruim: eu fiquei com sede e bebi os 500ml de energético de uma vez.

Quando o relógio chegou em 17h55, eu decidi sentar em um dos bancos no corredor e encarar o celular. O poder da taurina e cafeína me impediam de ficar parada, e a consciência de que cada segundo me aproximava do resultado me causava ânsia. Dentro do meu cérebro, eu repetia incessantemente “está tudo bem em não passar”, “você ainda tem outras oportunidades”, “vai dar tudo certo”.

18h00. Conseguia sentir o sangue correndo pelo meu cérebro e minhas orelhas esquentando. Com o coração batendo cada vez mais forte, eu fechei os olhos, e só os abri quando meu celular apitou, indicando um novo e-mail. Infelizmente, os Admission Officers não eram tão gentis para colocar o resultado no corpo da correspondência, me obrigando a fazer login no site da universidade para ver a resposta. Mais 2 minutos passaram, meus dedos trêmulos digitando meu login. “Não precisa se importar tanto”. “Está tudo bem em não passar”.

A primeira palavra que li ao abrir a carta de aceitação foi “congratulations”. Naquele momento, segurei toda a respiração que eu ainda tinha. Eles não escreveriam “congratulations” na carta de quem não passou, não é? Então isso significa que eu passei? Mas não tem nenhum erro? Me forcei a parar e ler o resto do texto. “Congratulations! I am honored to offer you admission to the Class of 2024 at Dartmouth College.”

Meu primeiro gesto foi me levantar do banco de forma dramática e erguer meus braços em posição de vitória. Permaneci assim por 15 segundos até eu voltar para o meu lugar, rindo pelo meu nervosismo e pelo cenário que parecia impossível até alguns segundos atrás.

Pensei que saber o resultado fosse me acalmar, mas meu coração batia ainda mais forte. Eu precisava contar para os outros, principalmente para todos que me ajudaram. Imediatamente, enviei um print da carta de aceitação para o grupo do Oportunidades Acadêmicas, já pulando pelo shopping, incapaz de segurar minha agitação.

Se havia alguma palavra para descrever o que sentia naquele momento, essa era “gratidão”.

Eu estava extremamente grata a todos que me ajudaram a conseguir a aceitação, e eu sentia uma urgência de compartilhar o resultado com tais pessoas. Conversei pelo telefone com a minha Adviser do Education USA, e em seguida recebi um telefonema da Anelisa, minha professora de inglês do Ismart. Enquanto conversava com elas, senti o efeito do energético se misturando à minha euforia. Eu corri ao redor do shopping ao menos 3 vezes, gritando com quem quer que eu estivesse falando no momento. Em 30 minutos, foram ao menos 5 chamadas telefônicas e 2 quilômetros percorridos indo e voltando pelas lojas.

Ao ficar já sem fôlego e sem voz para anunciar o resultado para mais pessoas, resolvi pegar o ônibus de volta e nunca mais colocar outra gota de Monster na boca. Ainda assim, por mais que eu estivesse totalmente desgastada, a emoção do dia não tinha acabado; minha mãe não sabia das boas novas.

Depois de duas horas, quando minha mãe chegou em casa, eu fui até ela com uma cara bem séria e pedi para que se sentasse no sofá. Eu sentei no seu colo e a abracei. “Eu passei em Dartmouth”, disse baixo, para que só ela ouvisse. Minha mãe me afastou um pouco para me encarar, não entendo o que estava acontecendo. Quando a ficha caiu, ela me puxou e me abraçou ainda mais forte, dessa vez com lágrimas em seus olhos. Ficamos conversando por um tempo, minha mãe ainda em prantos, perguntando como eu iria fazer para sobreviver em um lugar tão diferente. Eu não tinha as respostas, mas, no fundo, repeti algumas das palavras que disse para mim mesma naquele dia. “Vai dar tudo certo”.

 

Como se preparou para chegar lá? Para ser aprovado em uma universidade americana, só é preciso fazer checklist em vários ítens de uma lista extensa chamada “application”. Em seguida, pegar essa lista e colocá-la para jogar dados com o universo e os Admission Officers.

Emocionalmente falando, eu nunca me preparei. Foi uma jornada constante de lágrimas, suor e noites sem dormir. Eu não me considerava uma pessoa mais do que mediana. Minha ambição não visava transformar a sociedade, mas voltava-se para um objetivo pessoal: poder trabalhar com artes visuais e literatura, assuntos que me enchem de prazer. Se essas inseguranças ficassem apenas escondidas dentro de mim seria perfeito. Entretanto, eu tinha que escrever textos convencendo as pessoas a gostarem de você, aka a pior parte do processo seletivo.

O que me motivava a seguir em frente era assistir vídeos da Rebecca Sugar, diretora de animação de um desenho da Cartoon Network. Eu conseguia me enxergar um pouco no seu trabalho, e percebia como ela era realmente apaixonada pelo que fazia. Como consequência, seu público acabava se apaixonando pela sua obra também. Poder um dia produzir uma série que fosse capaz de tocar as pessoas da mesma forma me dava forças para ir até o fim.

Superando a barreira psicológica da Application, o resto fluiu naturalmente. Recebi um auxílio enorme dos meus amigos, da minha família e dos meus mentores do Ismart, do Oportunidades Acadêmicas e do Brasa. Sempre tive pessoas que confiaram em mim, e assim se dispuseram a me auxiliar com cartas de recomendação, material de estudos para as provas e correção de essays. Quando se está cercado de boas pessoas, o caminho sempre fica mais fácil.

 

O que você diria para os bolsistas novatos do Ismart? A vida é uma montanha-russa, com algumas ressalvas. Como uma montanha russa, você terá momentos baixos. Não deixe tais situações o afetarem negativamente, entretanto, pois, como qualquer montanha-russa, esse baixo vai ser seguido por um loop de 360º e uma outra subida.

Então têm as ressalvas. Ressalva um, você é o condutor. Não importa se você irá dar um loop ou uma volta plana, todo caminho é válido e é você que escolhe qual vai seguir. Não tenha medo de ir atrás do que quer!

Ressalva dois, você é míope e perdeu os óculos. Ainda que você possa escolher o próprio caminho, você não tem muita certeza do que está fazendo e também não consegue enxergar muito à frente. Então você irá cometer erros, muitos. Pode ser que você se perca, ou escolha algo que no fim decidiu que não valia a pena, e está tudo bem nisso. É possível mudar de trilhos depois.

Não tem como saber se a jornada vai ser longa ou curta, tumultuosa ou tranquila, mas como qualquer montanha russa, estamos aqui pela emoção. Aproveite a viagem e garanta que esteja se divertindo no percurso.